Chapeuzinho Vermelho

 

Era uma vez, na época em que pessoas e animais se misturavam, uma menina, cujo nome era Chapeuzinho Vermelho. Recebeu este apelido quando bebê, pois ganhara de presente uma capa vermelha com gorro de sua avó. Certo dia sua mãe a chamou com uma cesta cheia de gostosuras e lhe disse:

-- Filha, sua avó está doente, então leve esta cesta com gostosuras para sua avó. Só siga pela estrada e mais uma coisa: não converse com estranhos!

-- Está bem mamãe.

    A menina pegou a cesta, vestiu a sua capa e saiu pela estrada. No caminho, porém, uma pata muito velha apareceu e disse:

-- Menina, me atravesse pela floresta. Hoje em dia não respeitam mais a lei. Os alces estão passando dos 100Km/h. É um desrespeito com os mais velhos.

    Chapeuzinho atravessou a pobre e velha pata. Quando se deu conta já estava na clareira da floresta:

-- Oh, não! Estou perdida! Quem poderá me defender?

-- Eu, o Lobo Mau da floresta!

-- Só uma pergunta Seu Lobo. Porque Mau?

-- Minha mãe é fanática por nomes estranhos.

-- Se me permite dizer, que mau gosto. Sem trocadilhos.

-- Não quero mais falar daquela velha porca. Nada contra a mãe dos três porquinhos. Já que estou aqui, qual o seu nome?

-- Chapeuzinho Vermelho.

-- O que tem na cesta?

-- Um peru, quatro asinhas de frango, guisado de lebre, brigadeiro, rapadura, dois cachos de uva, suco de maçã e suco de laranja. É para minha avó.

-- Ela vai dar uma ceia?

-- Não. É só pra ela mesmo.

-- Como come sua avó!

-- É de família! Estou perdida. Pode me dizer como eu faço para chegar na casa da vovó?

-- Onde ela mora?

-- Na Rua dos Contos de Fada, número 321.

-- É só pegar essa segunda estrada, ir em frente, virar a direita, andar um pouco, virar na segunda rua, que é a da Cachinhos Dourados, depois virar a esquerda e pronto: você estará na Rua dos Contos de Fada.

-- Obrigada.

A menina nem imaginava que o lobo tinha mandado ela fazer o caminho mais demorado e ia pegar o caminho mais rápido para chegar a casa da vovó:

-- Disse à ela o caminho que tem sempre engarrafamento. Ela nem imagina!

    Enquanto a menina ainda estava no seu percurso, o lobo chegou na casa da vovó:

-- Abra porta vovó! É a Chapeuzinho!

-- Entre minha netinha!

    O lobo entrou e quando foi abocanhar a velha teve compaixão. Decidiu trancá-la no armário. Teve então a ideia de se vestir de vovó e esperar na cama da senhora. Chapeuzinho chegou minutos depois do plano bolado:

-- Vovó! Sou eu, Chapeuzinho!

-- Entre, minha netinha! -- disse o lobo na maior cara de pau.

-- Trouxe esta cesta cheia de gostosuras para a senhora.

-- Obrigada filha. Deixe em cima da mesa e venha ficar comigo aqui no quarto.

    A garota fez o que foi pedido e ao chegar no quarto disse:

-- Vovó, a senhora não está bem. O que aconteceu?

-- Nada. É só fome!

-- Que orelhas grandes você tem!

-- São para te ouvir melhor!

-- Que olhos grandes você tem!

-- São para te enxergar melhor!

-- Que boca grande você tem!

-- É pra te comer!

    O lobo abriu a boca para comer Chapeuzinho, quando de repente a menina começou a lutar:

-- IIÁÁÁÁ!!

    Chapéu deu um chute na barriga do lobo, depois uma chave inglesa nele, depois um giro com um chute, jogando o lobo no chão. A menina ficou com o pé no pescoço do lobo e disse:

-- O grito de la misericordia! Sou campeã de kung-fu seu hipócrita!

    Neste momento a avó da menina deu um chute no armário, conseguindo escapar:

-- Não faça isso, Chapeuzinho! Não o mate! Eu o amo!

-- A senhora sabe que eu nunca mataria ninguém. Só estava me defendendo!

-- Você usufruiu muito bem das aulas que lhe dei de kung-fu! Estou orgulhosa!

-- Obrigada, vovó!

-- Agora dá pra parar de pisar em mim? -- disse o lobo quase sem ar.

-- Oh! Desculpe!

    A boa senhora disse ao lobo:

-- Lobo, como você pôde acabar com o nosso amor e descontar na minha neta?!

-- Desculpe Amália, eu estava sem a cabeça! Quer casar comigo?

-- Mas é claro!

-- O casamento será amanhã!

    A cerimônia e a festa foram muito bonitas. A mãe de Chapeuzinho não parou de chorar por um instante e todos viveram felizes para sempre.

 Autor: André Pereira Falcão

 

Fim